quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

CRÓNICAS: Rescaldo da primeira metade do campeonato (Liga Sagres)

Inserido nas crónicas deste blog, e com a intenção de deixar uma marca pessoal naquilo que aqui é escrito, eu e o meu parceiro Ricardo Faria, decidimos que seria agradável para os nossos leitores fazer uma espécie de "rescaldo" da etapa primeira do nosso campeonato, a denominada Liga Sagres.


Aquando do inicío da temporada, as nossas expectativas nivelam-se bem por cima. Às promessas de sucesso dos dirigentes sucedem-se as animadas sessões de treino de pré-época, os jogos bem sucedidos frente a equipas de capacidade inferior, o relatado bom entrosamento dos reforços por parte dos jornais da especialidade. Tudo parece correr pelo melhor, até que soa o primeiro apito oficial da contenda. Do campeonato, leia-se.



O maior objectivo desta crónica, é descrever aquilo que surpreendeu (pela positiva) o Olheiro ao Serviço, e o que por outro lado, deixou muito a desejar.


Aquilo que mais surpreendeu, jornada após jornada, foi a performance extremamente interessante do Leixões. De entre todos os rostos responsáveis pelo sucesso da turma leixonense, destaca-se a de um treinador que, após ter feito um trabalho longo e de registo em Paços de Ferreira, veio para realizar uma excelente primeira volta pelos de Matosinhos : José Mota. À vitória alcançada no Dragão seguiu-se novo triunfo, desta vez em Alvalade. Sem esquecer o empate registado na recepção ao Benfica. De Wesley a Beto, passando por Roberto e Braga, terminando no incontornável Zé Manel, é de destacar a alma deste Leixões.


Mas as agradáveis surpresas não se esgotam a Norte. Também das ilhas nos chegam dois clubes que, vivendo talvez acima das possibilidades de qualquer clube que não os 3 grandes, assinalaram uma primeira volta de respeito. Aliás, Nacional e Marítimo, principalmente o primeiro, estão cada vez mais sedimentados na nossa Liga e, com projectos ainda mais ambiciosos, podem subir para um próximo patamar. Nenê e Alonso pelo Nacional (melhor marcador), e Djalma pelo Maritimo, são as figuras destas duas equipas até ao momento. Ou muito me engano, ou no próximo Verão já não suarão pelos mesmos emblemas.

As grandes desilusões, só podem ser Sp.Braga e Guimarães. Com uma rivalidade histórica e assente em duelos regionais, estas duas equipas partiram para esta época com ambições reforçadas. O Braga, pelo plantel de grande qualidade que construiu e, acima de tudo, pela chegada de um treinador que se assume como a um passo à frente dos restantes, Jorge Jesus, não teve uma primeira volta brilhante. Meyong, Peixoto, Aguiar e Eduardo, vão dando algum colorido a este Braga. No entanto, salva-se a excelente campanha europeia. Para continuar, esperemos.

O Guimarães, após uma época em que terminou em terceiro e, inclusivamente, à frente do Benfica, apurou-se para a terceira pré-eliminatória da Champions. O mau planeamento do plantel e o deficiente reforço após saídas de peso, está na base do falhanço que esta temporada tem sido até ao momento. Custódio e Cícero acabam de chegar, e prometem dar nova vida ao Afonso Henriques.


No plano individual dos 3 grandes, e porque não há a intenção de uma análise ao colectivo e respectivos rendimentos dos mesmos, também houve surpresas e desilusões. Mais e Menos. Houve jogadores que desde o início seduziram, houve outros que foram desde o começo erros retumbantes. Houve ainda outros, que com o passar das jornadas e o aumentar da confiança, se tornaram peças importantes nas suas equipas.

Mais: Suazo, Reyes, Sidney, Yebda. Quatro jogadores que vieram acrescentar qualquer coisa ao futebol do Benfica. Talvez dirija o maior destaque para Yebda, nitidamente um belo negócio por parte do clube, que o contratou a custo zero, e se tem revelado um bom elemento na manobra encarnada. No Sporting, de destacar o crescimento de Carriço, o ganha pão de seu nome Liedson, e o recuperar de um jogador que personifica, quanto a mim, o ideal de jogador. Se controlar o seu (mau) génio, não duvido de que se tornará num jogador desejado por meia Europa. Falo de Vukcevic. O Porto, é um clube que, nos dias de hoje, vive um pouco ao sabor de um jogador que há uns meses era um perfeito desconhecido. Hulk, força da natureza e dono de qualidades raras no nosso futebol, acordou a frente de ataque do Porto, e hoje em dia ela não passa sem ele. Mas nem só de Hulk vive o Porto. Com um começo aos tropeções, Rodriguez está cada vez mais confiante e já não é um corpo estranho ao resto da equipa. O golo que marcou na Choupana, é de antologia.


Menos: a pobreza das exibições de alguns jogadores que chegaram extremamente bem referenciados. Um por cada clube. Benítez no Porto, Balboa no Benfica, Rochemback no Sporting. O argentino recrutado pelo Porto no seu país natal, não conseguiu suprir as necessidades da sua equipa à esquerda. Balboa, que não chegou propriamente de borla, prometia no começo da época provar porque estava no plantel do Real Madrid. A promessa saiu falhada, levando o próprio treinador do Benfica a assumir publicamente o seu desagrado com Balboa. No Sporting, Rochemback esteve longe do rendimento que teve na sua anterior passagem por Alvalade. Nitidamente com peso a mais e com movimentos presos, é um jogador que terá que provar nesta segunda volta o porquê da aposta do clube no seu regresso a uma casa que bem conhece.


De assinalar, e assumo não ser propriamente assunto com que me deleite debruçar, as arbitragens nesta primeira metade de campeonato. As queixas de dirigentes e técnicos não assentam bem, e surgem quase sempre associadas a uma procura por uma desculpa que explique o fracasso da equipa. Acreditando que se trata sempre de erro humano, e portanto passivel de acontecer, gostava de ver nesta segunda volta uma maior contenção nas palavras sobre nomeações, observadores, notas dos árbitros. Temo que não se venha a verificar, mas não posso deixar de assinalar.


Em suma, foi uma primeira volta, acima de tudo, mais competitiva que as suas antecessoras. O Porto não dominou de forma esmagadora, fruto das surpresas descritas em cima, e de uma maior luta oferecida por Sporting e Benfica. Dos derbys, de salientar que o Sporting não venceu um único confronto contra Porto e Benfica. E nós sabemos o quão isso é importante para a moral da massa adepta...


Venha de lá ainda mais emoção e, já agora, recheada de golos, que bem precisamos!

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