segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

REGRESSO AO PASSADO: Bebeto

Nome Completo: José Roberto Gama de Oliveira
Data de Nascimento: 16/12/1964 (41 anos)
Local de Nascimento:
Salvador de Bahia (Brasil)
Nacionalidade:
Brasil
Altura:
176 cm
Peso:
68 Kg
Clubes:
1983: Vitória de Bahia; 1983/88: Flamengo; 1989/92: Vasco da Gama; 1992/96: Deportivo; 1996: Flamengo; 1996/97: Sevilla; 1997: Vitória de Bahia; 1997/98: Cruzeiro; 1998/99: Botafogo; 1999: Toros Neza (México); 2000: Kashima Antlers (Japão); 2000: Vitória de Bahia; 2001/02; Vasco da Gama; 2002: Al Ittihad (Arábia Saudita);
Posição: Avançado
Vídeos:
Vídeo 1

José Roberto Gama de Oliveira começou muito cedo a sua carreira. Vindo dos escalões de formação do Vitória da Bahia, este baiano de aspecto jovial e imberbe que o fizeram ganhar a alcunha de “Bebé Chorão”, de onde veio posteriormente o apelido de Bebeto, já se tinha sagrado campeão mundial de juniores pela selecção brasileira em 1983. As suas exibições despertaram o interesse do poderoso Flamengo, que tinha acabado de ser campeão mundial (1981) e que era tri-campeão nacional (1981, 82 e 83). O “mengão” ofereceu 65 milhões de rei pelo seu passo, e apesar de o Palmeira ter feito uma proposta de 80 milhões, o pai de Bebeto, Wilson, preferiu-o ver na equipa carioca. Era o seu sonho, ainda que um plantel que contava com estrelas como Tita, Raúl, Zico, Adílio, Mozer e outros poderia assustar. Mas não Bebeto, que desde o princípio foi visto como o sucessor de Zico. Rápido, de movimentos electrizante e esguio, Bebeto aliava as suas virtudes técnicas a um remate muito colocado, sempre à procura da proximidade ao poste, onde se torna mais difícil para os guarda-redes. Já como titular, o avançado brasileiro conseguiu o seu primeiro título em 1986, e os dois anos seguintes continuariam a ser vitoriosos. Contudo, em 1989, chegaria a mudança mais polémica da sua carreira.


Mudança Controversa

Aqueles que acompanham o futebol sabem da tremenda rivalidade que existe entre alguns clubes, e o Brasil não foge à regra. Como tal, quando em 1989 Bebeto decidiu trocar o Flamengo, clube que o projectou, pelo Vasco da Gama, rival histórico e na “lista negra” para os adeptos “rubros-negros”, a controvérsia foi muita, mas nem isso ofuscou o brilho do jogador. Apesar de Bebeto ter afirmado que a razão do seu abandono se tenha ficado a dever ao facto de o Flamengo não querer renovar o contracto com o jogador, e que na sequência disso, viu o seu passe ser comprado por empresários que posteriormente o venderam aos “vascaínos” o avançado cedo começou a provar que o Flamengo tinha cometido um erro de palmatória, e logo no primeiro ano conquistou o Campeonato Brasileiro de 1989 pelo Vasco, que não ganhava nenhum título oficial desde 1974. Nesse mesmo ano, no qual venceu também a Copa América, sagrando-se mesmo o melhor marcador da prova, foi ainda eleito o melhor futebolista sul-americano. O Mundial de Itália’90 apresentava-se então como escaparate perfeito para dar a conhecer o seu talento aos “grandes” clubes da Europa. Contudo, apesar e ser considerado o melhor jogador durante a fase que qualificação da zona sul-americana, o seleccionador relegou-o para o banco, em detrimento de Careca e Muller, e depois de uma lesão durante um treino deitaram por terra as hipóteses de jogar.

Finalmente. A Europa

Ainda assim, Bebeto não mais deixou de pensar em rumar para a Europa. Desde os tempos em que jogava no Flamengo e depois no Vasco, sempre foi muito assediado. Em 1989, o Bayern de Munique apresentou uma proposta de 2 milhões de dólares, um valor “galáctico” na altura. Mas aí foi o próprio jogador que não quis sair. Falou-se também em ofertas da Roma, do Olympique de Marselha, da Juventus, entre outros, mas no entanto, nenhum deles foi confirmado. Até que em 1992 finalmente deu o salto, depois de ser eleito o melhor marcador do “brasileirão”. O seu destino estava para ser Dortmund, onde o Borussia estava a apostar forte para conseguir os seus préstimos, mas a meio das negociações o presidente do Deportivo da Corunha intrometeu-se no caminho para o convencer a trocar a fria Alemanha pela costa espanhola, para jogar numa equipa que tinha subido à Primeira Divisão um ano antes e que não tinha nenhum título nos seus 88 anos de história. No princípio, ninguém entendeu o motivo, mas o tempo mostraria que ele estava certo.

Herói do “SuperDepór”

Bebeto passou por um período de adaptação, mas logo no primeiro ano foi “pichichi” com 29 golos e conseguiu a classificação para a Taça UEFA. Ao lado de jogadores como Djukic, Donato ou o seu compatriota Mauro Silva, a equipa que normalmente andava sempre no “sobe e desce” de Divisão, era a grande sensação do “país vizinho”, e ameaçava os domínios de Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid. Bebeto bateu o recorde de tentos de um avançado do Deportivo e em 1993/94 esteve bem perto de um feito ainda maior: a conquista do campeonato. Na última jornada, contra o Bercelona, o “SuperDépor” precisava de vencer e até teve a oportunidade para isso na cobrança de um penálti que acabou por desperdiçar. O Barcelona, com Romário como figura de proa, aproveitou-se disso, venceu o jogo e acabou por conquistar o título. O mais irónico foi que era Bebeto o marcador oficial de penáltis da equipa, mas naquele dia resolveu não o fazer. Foi a maior derrota do clube, mas mesmo assim, no ano seguinte acabariam por vir os dois primeiros títulos (a Taça do Rei, conquistada frente ao Valência, e a Supertaça, frente ao Real Madrid) e o brasileiro tornou-se num líder supremo na Galiza e ídolo espanhol.

Dupla do “Tetra” com Romário

Oienta e seis golos em quatro temporadas foi o balanço de Bebeto ao serviço do Deportivo, clube que abandonou em 1996 com a intenção de regressar ao seu país. Ali era considerado como um “deus” sobretudo graças ao seu desempenho durante o Mundial de 1994, do qual saiu campeão (e o Brasil “tetra”) e sendo um dos principais artífices. A dupla Bebeto-Romário, que tinha sido suplente no Mundial de 90, ganhou a titularidade nos Estados Unidos, e tornou-se na melhor parelha atacante da prova. «Entendíamo-nos muito bem. No futebol existem sempre a possibilidade de os jogadores não estarem de acordo, mas nós nunca tivemos esse problema. Pelo contrário: os movimentos surgiam com naturalidade, parecia que eu sabia sempre onde é que ele estava e que ele sabia sempre onde me encontrar. Foi perfeito». Assim resumia o “Bebé Chorão” a sua cumplicidade com o “Baixinho” numa entrevista à FIFA. Daquele Mundial ficará para sempre na memória a celebração do golo que marcou frente à Holanda nos quartos-de-final. Depois de sentar um defesa e de fintar o guarda-redes para marcar com uma baliza deserta, Bebeto quis dedicar o tento ao seu filho nascido no dia anterior, imitando o gesto do embalar uma criança, com Romário e Mazinho como cúmplices. Mas nem tudo foram facilidades. O período de 1990 a 1994 foi negro na história da selecção brasileira, com a eliminação precoce de Copas Américas, maus resultados e uma campanha difícil na fase de apuramento. Mas apesar disso, ainda havia esperança de uma boa participação n Mundial de 94. E no começo, tudo correu de forma normal. Vitória sobre a Rússia por 2 a 0. Ainda desconfiados, os brasileiros viram as suas vitórias sobre os Camarões (3 a 0) e o empate com a Suécia (1 a 1). Na segunda fase, o desafio mais difícil até então. Com um golo de Bebeto, o Brasil sentiu muitas dificuldades, mas seguiu em frente após a vitória sobre os Estados Unidos. Passando por todos os adversários, Bebeto e companhia chegaram à final. Com tudo a que tinha direito – 0 a 0 no tempo normal, prolongamento com morte súbita e decisão nos penáltis – o Brasil sagrou-se campeão, tetracampeão mundial.

Regresso a casa e ponto final

Elevado à condição de herói nacional. O “Bebé Chorão” voltou então ao Brasil, em 1996, pela porta do Flamengo, mas este regresso não correu pelo melhor (nessa altura as grandes estrelas do Fla eram Romário, que vinha do Barcelona, e Sávio, prata da casa). Muito criticado pela exigente, mas nem sempre coerente imprensa brasileira, o seu desempenho ficou muito abaixo do esperado e o presidente Kléber Leite, repleto de dívidas, resolve vender o recém-chegado Bebeto. Magoado, o jogador volta para Espanha, onde defenderia o Sevilha. Sem brilho, Bebeto volta para o clube que o revelou, o Vitória da Bahia, mas mais uma vez as suas actuações estão longe daquilo que o consagrou, ainda que se tenha sagrado campeão baiano nesse temporada. Na época seguinte integra a equipa do Cruzeiro, o que lhe vale a chamada para disputar mais um Campeonto do Mundo, o de França, em 1998, antes de colocar ponto final na sua carreirap ela selecção, da qual saiu com um registo de 44 golos em 76 partidas internacionais entre 1985 e 1998. Com 34 anos e sem ter perdido o gosto por fintar defesas, Bebeto ainda passou pelo Botafogo, Kashima Antlers (Japão) e Toros Neza (México), antes de regressar novamente ao Vitória em 2000. Mas a partir dai, Bebeto não mais voltou a conseguir jogar uma temporada inteira. Antes de encerrar a carreira, teve mais duas passagens pelo Vasco, em 2001 e 2002 e para encerrar, o jogador decidiu arriscar-se no futebol árabe, no Al-Ittihad, onde ficou a dever um bom futebol e ainda não recebeu todo o dinheiro a que tinha direito. Agora, Bebeto actua somente fora dos relvados. Ao lado do ex-lateral “canarinho” Jorginho, que também conquistou o tetra com a selecção brasileira nos EUA, está envolvido num projecto de ajuda a crianças desfavorecidas e tem uma empresa que gere a carreira de alguns atletas profissionais.

FONTE: Revista Futebolista, Nº 28 Dezembro 2007

1 comentário:

  1. o mundial de 94 é o 1º de que tenho memória. recordo me de estar na sala de minha casa e de ver alguns jogos do brasil, que não dava abébias a quem quer que fosse. lá na frente destacava-se aquela dupla brilhante: romário e bebeto. nenhum dos dois era alto, nem corpulento, facto que não os impediu de facturarem golo atrás de golo. eram um complemento espectacular um do outro! são dois nomes que não sou capaz de dissociar

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