segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

CRÓNICA: O Problema do Futebol Português

Escrevo esta crónica depois de assistir nas últimas semanas a resultados, diria humilhantes e nada honrosos do nosso país. Primeiro foi o FC Porto a perder por 4-0 frente a uma equipa inglesa; seguiu-se a derrota da Selecção frente à congénere Brasileira; depois, e num curto espaço de dias, o Sporting CP perde em casa frente ao Barcelona (5-2) e, de seguida o SL Benfica vai à Grécia perder por categóricos 5-1. O Braga, em termos europeus, é aquele que melhor tem cumprido (e por vezes, até superado) o seu papel e as expectativas que despertaram, tanto nos adeptos, como nos media. Todos estes resultados tiveram maior impacto e alvo de mais reflexão, devido ao facto de se sucederem num curto período de tempo. Pode ter sido coincidência ou algo mais. Acredito mais na 2ª hipótese. Este “algo mais”, leva-nos a pensar e a reflectir. Não ficamos apenas a assitir e a aceitar esta conjectura.

Na minha opinião, estes resultados espelham a competetividade do Futebol Português face aos demais. Dirão que a falta de competitividade se deve ao fraco apoio financeiro e também às verbas que estão envolvidas. É uma forte razão, e que se calhar, nos obriga a seguir outro caminho. E um caminho que não tem sido seguido é o do planeamento. Penso que se deve planear os objectivos a atingir e traçar as formas de lá chegar. Parece-me que os clubes portugueses se esgotam dentro das fronteiras. Quando olhamos para fora de portas, vemos que ainda há muito caminho a percorrer e muito a fazer.
A criação de uma liga competitiva que permita que os crónicos campeões ao título sejam obrigados a suar, a lutar até ao final. Mas para existir esta luta, ela tem de ser pelo lado positivo. É bom ver um clube grande perder pontos com um candidato à descida, quando esta equipa jogou o jogo pelo jogo e não optou por estacionar o autocarro à frente da baliza. Esta hipótese parece que é posta em prática mais vezes. Todos preferem um bom resultado-má exibição e uma boa exibição-mau resultado. Eu pergunto: Será que um bom resultado e uma boa exibição não são conciliáveis?; Não serão consequência uma da outra? Agora apresento aquelas que, na minha opinião seriam normas a serem implementadas em Portugal e que levariam ao nosso crescimento futebolístico.

Contratações e Formação
  • Um aspecto que penso importante de salientar são as contratações sem critério. Contrata-se quase ao acaso à espera que algum dos muitos reforços que chegam dêm certo. São poucos os clubes em Portugal com um gabinete de prospecção que trabalhe de um forma adequada. É certo que a prospecção não garante que todas as contratações sejam bem feitas. Existem depois outros factores que podem afectar a perfrmance de um atleta num determinado clube.
  • O primeiro passo é observar dentro de casa, isto é, é necessário avaliar as necessidades fragilidades, objectivos, possibilidades que se dispõem.
  • Depois, olhar para dentro de casa também significa verificar o estado das camadas jovens de um clube. Neste caso, já se vai para outro caminho, mas também é importante, pois permite ver as possibilidades dos jovens.
  • Todos sabemos que a transição de júnior para sénior é muito difícil e são poucos os que triunfam nesta fase. É notória a falta de competição para estes jovens. Existe a Liga Intercalar, mas o ideal seria a constituição de uma Liga de Reservas.
  • Outro aspecto tem que ver com a mentalidade de treinadores e dirigentes que preferem apostar em jogadores estrangeiros de qualidade duvidosa que colocar a jogar jogadores da “cantera” para que estes possam evoluir. Se esta hipótese não for viável, o empréstimo devidamente acompanhado poder ser uma solução.
  • Depois de ser ver o que existem em casa, a solução passa por contratar jogadores portugueses ou com carreira feita em Portugal, que muitas vezes andam “perdidos” em divisões inferiores, pelo facto de ninguém ter apostado neles.
  • Os observadores também devem acompanhar as selecções nacionais, selecções jovens, torneios de selecções e verificarem aí, jogadres potencialmente alvos de contratação, segundo diversos critérios previemnte definidos tais como: idade, posição, possivel potencial que podem atingir.
  • Por fim, neste capítulo, penso ser importante que as ideias apresentadas anteriormente se adequem às ideias do treinador da equipa principal, para que ele possa desenvolver o seu trabalo sem abdicar dos seus princípios.

Competições

Ao nível da Liga propriemente dita, a instituição de regras que limitem a utilização de estrangeiros, excepto quando estes são mais valias para o Futebol Nacional, e também incentive à utilização de jogadores formados nesse mesmo clube. Relativamente aos jogadores estrangeiros, apoio de alguma forma o modelo inglês e podíamos adaptá-lo às nossas necessidades.
Sendo assim a minha proposta seria que os estrangeiros que poderiam jogar (na minha óptica excluir desta regulamentação os PALOP, pois Portugal tem “uma missão social” e o Futebol em Portugal é a saída que muitos encontram para fugirem às dificuldades) terem a obrigatoriedade de serem internacionais pelo seu país. Em casos de jogadores inferiores a 21,22 ou 23 anos as internacionalizações jovens também permitiriam a contratação.
Penso que só traria vantagens e se analisarmos bem quantos jogadores estrangeiros ficavam na Liga Portuguesa, segundo esta regulamentação? No caso dos 3 grandes ficavam, entre outros Lucho, Lisandro, Luisão, Aimar, Reyer, Sidnei, Izmailov, Vukcevic; no caso de outros clubes, lembro-me por exemplo de Rodriguez, Linz, Rentería no Sp. Braga; Roberto Souza no Leixões. Vê-se perfeitamente que seriam apenas jogadores de qualidade. Depois obrigava os clubes com menos hipóteses de contratarem internacionais absolutos a terem de ver jogadores jovens ou, simplesmente apostar em jogadores portugueses.
Isto levanta outras questões, e admito que possa ser uma posição um pouco subjectiva e até extremista. Contudo não duvido que aumentaria a qualidade da nossa Selecção, da nossa Liga Principal

Selecções Nacionais

Vou agora falar da Selecção Nacional que deve ter um base bastante sólida dos escalões jovens. É necessário elaborar um Modelo de Formação, e tal como nos clubes, verifiar as principais necessidades que a Selecção Principal tem.
Ao nível de mentalidades também há muito a mudar, sobretudo nos dirigentes e em temas relacionados em arbritragem e suspeitas no dirigismo.
Tudo isto são planos que poderiam muito bem ser implementados e que beneficiariam o nosso Futebol. Acredito que continuariam a existir resultados menos bons como os referidos no início da crónica. Mas os resultados positivos seriam muito mais frequentes. Não se trata de apenas dizer mal do que se passa, mas sim a apresentação de alternativas viáveis. Em Portugal, não existem só coisas mal feitas e também se deve aproveitar o progresso que temos feito na Formação.

Como já o disse anteriormente, é uma questão de planeamento e organização, pois a qualidades dos futebolistas portugueses é semelhante ou superior aos países mais fortes no Futebol. Os jogadores portugueses, em talento, não ficam nada a dever aos argentinos, brasileiros, espanhóis, italianos, holandeses, etc. Tudo isto corrobora a minha opinião ao dizer que sao as oportunidades e o planemento realizado que podem cataupltar o nosso Futebol para um patamar de rendimento mais elevado.

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